24 de agosto de 2011

16 de agosto de 2011

O caminho das águas


UMA REFLEXÃO VOCACIONAL¹

Na Vida Religiosa existem muitas imagens e símbolos que nos ajudam a meditar os mistérios de Deus e o dom da vocação. No primeiro dia deste mês vocacional, num silêncio celebrativo, quando agradecia ao Bom Deus pelo chamado, veio, em minha lembrança, o caminho que fazem as águas até chegar a seu destino. Encantador, lindo e sábio. 
O mar é infinito aos olhos humanos e é feliz quem já o viu, de tão belo que é. Sua imensidão é o destino de inúmeros rios; e estes, grandes ou pequenos, passam por tudo que aparece à frente para se desembocar nas águas salgadas do mar. Até a foz os rios formam cursos, percorrem montanhas, caem em cascatas, cachoeiras, abatem-se em paredões e pedras.
Mas o que seria do mar, e como chegariam até ele os rios sem os igarapés, seus afluentes? Eles existem! São córregos, cursos menores de águas, caminham entre raízes, folhagens, lamas, igapós, pântanos. Tomam vigor até engrandecer o rio e empurrá-lo até seu destino.
Como tem sentido esse caminho? O que faz o rio correr para seu fim?
Para a Hidrografia, nascente é o começo do curso de água e o fim do curso é chamado de foz, sendo que um curso de água corre de montante para jusante, ou melhor, é da nascente que as águas correm para o mar. Assim, sem a nascente o igarapé não incentivaria o rio. Logo, este não chegaria ao mar, seu destino. É na nascente que a água jorra, surge milagrosamente do seio da terra. É esta a ciência do caminho das águas: da nascente até a foz, até o Mar.
E o que isso tem a ver com vocação? Nada é sem sentido.
Assim como sem a nascente, o rio não chegaria à foz e ao mar, sem a intensidade do Primeiro Amor, a fonte do chamado, a Vida Religiosa não realizaria sua missão, não alcançaria a plenitude, seu único fim, Deus. Não chegar ao mar, para a Vida Religiosa é não ter sentido, é não ter missão.
Não há missão sem vocação. E vocação sem missão é como um rio sem destino. Deus não brinca de chamado. Por que brincar de responder? Há, por exemplo, rio que não chega ao mar e deságua em lagoa. O que refletir disso, se o mar é símbolo de plenitude?
Os rios sãos como os meios que a Vida Religiosa utiliza para realizar sua missão: o Carisma, a oração, o anúncio, a caridade, a inserção, a comunidade e outros.
Os igarapés lembram-me a alegria do chamado. Deve ser insuportável seguir a Vida Religiosa sem alegria, sem felicidade! A alegria transpõe todo sofrimento, rejeição, fracasso, humilhação, solidão e saudade. 
A nascente da Vida Religiosa é onde nasce o chamado: quando e como ouvimos a Deus. Deus e eu, eu e Deus. Um consagrado não pode esquecer a origem da vocação. Aquele dia, aquele canto, aquela Palavra, imagem, são nascentes da vocação e precisam sempre ser recobradas e rememoradas. É o instante do primeiro encontro com o Amado, quando experimentamos seu amor, sua bondade paternal. É a partir daí que seguimos o curso à missão, até a plenitude da consagração, a Vida Eterna. Como ensina São João da Cruz: “A suavidade é rastro que Deus imprime de si na alma, torna-a muito ligeira para percorrer após o Amado”.
E assim, na busca de Deus, a Vida Religiosa permite o encontro conosco e com os irmãos, porque é de Deus que emana todo bem.

O caminho das águas... Como tem sentido minha vocação!

[1] Irmã Cidlene da Eucaristia, CEST/Irmãs Teresitas
     socióloga e educadora social

15 de agosto de 2011

"A vocação é um dom de Deus, mas a resposta e a perseverança depende de nós."
Ir. Elizabeth, OCD