2 de agosto de 2014

Uma vocação ao Amor

Com alegria partilhamos o testemunho vocacional de Santa Teresinha:

«Apesar da minha pequenez, quereria esclarecer as almas como os Profetas, os Doutores. Tenho a vocação de ser Apóstolo... Quereria percorrer a terra, pregar o teu nome, implantar no solo infiel a tua cruz gloriosa; mas, ó meu Bem-amado!, uma missão só não me bastaria. Quereria, ao mesmo tempo, anunciar o Evangelho nas cinco partes do mundo, e até nas ilhas mais longínquas... Quereria ser missionário não apenas durante alguns anos, mas quereria tê-lo sido desde a criação do mundo até à construção dos séculos... Mas quereria, sobretudo, ó meu Bem-amado Salvador, derramar o meu sangue por Ti, até à última gota...
Como estes desejos constituíam para mim um verdadeiro martírio durante a oração, abri as Epístolas de S. Paulo, a fim de procurar alguma resposta. Os meus olhos depararam com os capítulos 12 e 13 da primeira Carta aos Coríntios. Li no primeiro que nem todos podem ser apóstolos, profetas, doutores, etc...; que a Igreja é composta por diferentes membros, e que o olho não poderia ao mesmo tempo ser a mão...

A resposta era clara, mas não satisfazia os meus desejos, não me dava a paz... Como a Madalena, inclinando-se sem cessar junto do túmulo vazio, acabou por encontrar o que procurava, assim eu, abaixando-me até às profundezas do meu nada, elevei-me tão alto que pude atingir o meu fim... Sem desanimar, continuei a leitura, e consolou-me esta frase: «Procurai com ardor os dons mais perfeitos, mas vou mostrar-vos ainda um caminho mais excelente». E o Apóstolo explica como todos os dons mais perfeitos nada são sem o Amor..., que a Caridade é o caminho excelente que conduz seguramente a Deus. Finalmente encontrar o repouso... Considerando o corpo místico da Igreja, não me tinha reconhecido em nenhum dos membros descritos por S. Paulo; ou melhor, quereria reconhecer-me em todos... A caridade deu-me a chave da minha vocação. Compreendi que se a Igreja tinha um corpo composto de diversos membros, o mais necessário, o mais nobre de todos não lhe faltava: compreendi que a Igreja tinha um coração, e que esse coração estava ardendo de amor. Compreendi que só o Amor fazia agir os membros da Igreja: que se o Amor se apagasse, os apóstolos já não anunciariam o Evangelho, os mártires recusar-se-iam a derramar o seu sangue... Compreendi que o Amor encerra todas as vocações, que o Amor é tudo, que abarca todos os tempos e todos os lugares... numa palavra, que é eterno!... Então, num transporte de alegria delirante, exclamei: «Ó Jesus, meu Amor! Encontrei finalmente a minha vocação: a minha vocação é o Amor!...»

Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, e esse lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo destes... No coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o Amor... Assim serei tudo..., assim o meu sonho será realizado!!!...»

Santa Teresinha do Menino Jesus - carmelita
História de uma Alma, Manuscrito B, 2vº - 3rº. 

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